Para alguns o desconforto com a carreira escolhida dá sinais já na universidade, para outros ele acontece mais tarde, depois de ter a carreira consolidada. Ele surge por motivos diversos: pode ser pelo descontentamento com as disciplinas estudadas na universidade (se ainda estiver na graduação), pode ser por uma mudança na vida particular que faz com que a carreira agora não atenda mais às suas necessidades e expectativas, ou pode ser simplesmente porque você mudou. Não importa o motivo: se você acha que deve mudar algo em relação ao seu trabalho, mesmo que não saiba exatamente o que é, encare o problema de frente e investigue.
Para muitos estudiosos de planejamento e transição de carreira o primeiro passo seria você entender racionalmente o que está errado. Alguns indicam que invista em autoconhecimento (perfil, competências, pontos fortes e fracos), outros que foque na relação de vantagens versus desvantagens da situação atual e da situação desejada. Depois de todas essas questões mapeadas, daí surgiria um planejamento seguido de um plano de ação para estruturar a mudança desejada.
Até aí, está bem. Mas onde entra a intuição? Em que momento deve-se levar em consideração não só o que “devemos” fazer, mas também o que sentimos que devemos fazer? A autora Herminia Ibarra em seu livro “Identidade de Carreira” afirma que em nome da racionalidade, muitas vezes, fazemos a escolha errada e que “a emoção e o sentimento são críticos para iluminar a decisão” (Ibarra, p. 140).
Vivemos em uma sociedade treinada para ser racional. Nos ensinam que boas decisões são tomadas baseando-se exclusivamente em processos racionais, tais como: análise da situação atual, identificação e definição das opções e criação de um plano de ação. Estudos de Antônio Damásio em sua obra “O erro de Descartes: emoção, razão e cérebro humano”, demonstram que intuição e influências emocionais guiam o comportamento bem antes de o consciente entrar em cena.
Portanto a lição é: confie na informação emocional mesmo quando você não conseguir articular o que emoção e razão estão dizendo. Não deixe que no processo de “negociar consigo mesmo” sua razão abafe completamente sua emoção. Permita-se tempo e experiências suficientes para encontrar a razão por trás das emoções. Investigue a fundo para entender suas intuições e assim poder usá-las também como dado relevante para sua tomada de decisão.